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Concerto de Páscoa '25
Eventos 17 Abr 2025 Concerto de Páscoa '25 Auditório Municipal de Gaia
Imagem do evento
Auditório Municipal de Gaia  
21h30  

Raquel Pedra, Soprano e Tiago Amado Gomes, Barítono, acompanhados pelo Tolemia‘s Consort e pela Orquestra e Coro da Ópera na Academia e na Cidade, interpretam o Requiem em Ré menor, Op. 48, de G. Fauré, sob a direção de Fernando Marina Miguel. M/6.

Notas de Programa
Quando Gabriel Fauré aborda o género da Missa de Requiem, em 1887 (desconhece-se a motivação que esteve por detrás da escrita da obra), a música francesa tinha já uma longa tradição de composições musicais sobre o texto latino da Missa de defuntos. Só para nos cingirmos ao século XIX, são de destacar: os dois de Luigi Cherubini (de 1817 e 1836), o de Hector Berlioz (1835-37), os de Charles Gounod, seu colega mais velho e amigo (1842, 1873, 1875, além do de 1891-93), o do seu professor e amigo de toda a vida Camille Saint-Saëns (de 1878) e o, coetâneo, de Théodore Dubois (1885-89).  
A propósito do último Requiem de Gounod, diga-se que a sua composição é contemporânea da chamada ‘versão de 1893’ do Requiem de Fauré e que foi a última obra de Gounod (é um opus póstumo), tendo sido estreado em Março de 1894, no Conservatório de Paris e dada sete meses depois na Igreja da Madeleine (de que Fauré era organista titular), por ocasião dos funerais nacionais de Gounod que ali tiveram lugar, um ano exacto após a morte do compositor, sendo nessa ocasião a obra dirigida pelo próprio Fauré.  
De compositores não franceses, eram já bem conhecidos nesta altura o Requiem de Verdi (1875) e o Requiem alemão de Brahms (1868) – este, embora, com características diferentes dos restantes. 
E contudo, a obra de Fauré coloca-se num registo bastante diverso face aos demais Requiem oitocentistas, pois trata-se de uma obra que recusa deliberadamente o pathos da morbidez romântica, o dramatismo convencional e a influência da vocalidade operática. Em vez disso, ele vai ‘beber’ à tradição autóctone do chamado rito parisiense (ou ‘galicano’) das missas de defuntos, que remonta ao século XVI e da qual Eustache du Caurroy (1549-1609) foi, digamos, o fundador. Nesta tradição se filiam igualmente os Requiem de Jean Gilles (c. 1700) e de André Campra (c. 1730-40), que aqui referimos, pois se trata de obras que nso permitem perceber muito das opções textuais de Fauré (os textos que ele musicou e os que deixou de fora), assim como muito do clima anímico que preside à sua obra – ou seja: aquilo que torna o Requiem de Fauré diferente dos outros não surgiu do nada, antes foi beber a uma antiga e ilustre tradição francesa, que ele, um antigo e brilhante aluno da Escola Niedermeyer de música religiosa (que frequentou dos 9 aos 20 anos), conhecia bastamente – além, claro está, do cantochão/canto gregoriano medieval e da polifonia renascentista/pós-tridentina, corporizada nas obras de Palestrina, que enformam a maior parte da escrita para vozes do seu Requiem. 
Estes antecedentes explicam a ausência total da sequência do Dies Irae, com excepção do versículo conclusivo Pie Jesu (mas que Fauré coloca fora do seu lugar, transplantando-o estrategicamente para o centro – é a 4.ª das 7 secções da obra –, como ‘eixo’ da obra, e musicando-o enquanto solo de soprano); isso explica também as mudanças textuais (e omissões) nos textos do Ofertório e do Introitus; e isso explica, finalmente, a inclusão, a concluir, do Libera me e do In paradisum, que pertencem aliás, não ao rito da missa de defuntos, mas aos ritos de deposição/sepultamento do corpo.  
Por outro lado, e noutro plano, esses antecedentes explicam também o ambiente quase sempre tranquilo, pacificado e consolador da música, na qual predominam claramente as nuances dinâmicas piano e pianissimo, pois já em Campra e em Gilles era assim: a ênfase era posta na serenidade do descanso eterno, bem longe dos medos da morte, do Juízo Final e das penas eternas – e é curioso que essa tradição coincidisse, de resto, com a própria visão pessoal do fleumático Fauré sobre estes assuntos!  
O registo é, pois intimista, dirigido a cada um de nós, individualmente, e aproximando a expressão musical e a retórica da oração íntima – da súplica – cantada. 
A versão primitiva do Requiem – o chamado ‘petit Requiem’ (por lhe faltarem o Ofertório e o Libera me – data de 1887-88 e estreou em Janeiro de 1888, na Madeleine. A 2.ª versão – a chamada ‘versão de câmara’, já com as 7 partes definitivas – foi tomando corpo entre 1888 e 1890, tendo estreado igualmente na Madeleine, em Janeiro de 1893. Por fim, a versão sinfónica foi preparada (há fortes suspeitas de que a respectiva orquestração não é de Fauré, mas sim de Jean Roger-Ducasse) entre 1899 e 1900, tendo estreado em Julho deste último ano, no Trocadéro, no âmbito da programação da Exposição Universal de Paris, sob a direcção de Paul Taffanel.  
Seria esta versão que se ouviria igualmente em Novembro de 1924, na Madeleine, por ocasião dos funerais nacionais em honra de Gabriel Fauré, falecido dias antes (no dia 4).  
Bernardo Mariano (musicólogo) 

Ópera na Academia e na Cidade
A Ópera na Academia e na Cidade (OAC), associação cultural sem fins lucrativos, nasceu em 2018, como resultado da experiência adquirida com o projecto de larga escala ‘Ópera no Património’ (2017-19), com o apoio de fundos europeus. Os pressupostos deste projecto mantiveram-se válidos na nova estrutura, ou seja: levar a comunidades situadas fora dos grandes centros urbanos concertos e espectáculos operáticos de nível profissional e elevados padrões artísticos.  
No plano pedagógico, pressuposto fundamental da sua atividade, colabora na realização de conteúdos operáticos, sinfónicos e camerísticos, estabelecendo pontes com as diferentes áreas do conhecimento, e participando em unidades curriculares no Instituto Superior Técnico e Faculdade de Medicina de Universidade de Porto.  
A programação realizada (ópera, concertos e música de câmara) tem a colaboração de prestigiados solistas e maestros internacionais que integram as várias produções da Ópera na Academia e na Cidade. José Ferreira Lobo é o Diretor Artístico desde a sua fundação. 

Tolemia’s Consort
Desde os seus primeiros ensaios, tem-se esforçado por levar a música vocal a capella a diversos públicos. A sua estreia como grupo ocorreu na Igreja Paroquial de Vilanova de Arousa em 2020, um evento que marcou o início de uma série de atuações. Nesse mesmo ano, o grupo apresentou-se nas Ruínas de Santa Mariña, em Cambados, e na Igreja de São Vicente do Mar, em O Grove, consolidando a sua reputação na cena musical local.  
O repertório do grupo é vasto e diversificado. Entre os seus projetos mais destacados encontra-se "Jazz ad Caelum”, que inclui a Missa Brevis de Will Todd, e a estreia da Ave Maria do compositor galego J.L. Sanz, em maio de 2023. Outra das suas propostas foi "Shining Night”, que reúne uma seleção de repertório religioso e onde teve especial destaque a cantata gospel "Joy” de Joel Raney.  
Os objetivos de Tolemia’s Consort são claros: continuar a explorar e a divulgar a música vocal, coral sinfónica e operática, colaborar com artistas e grupos afins, e continuar a crescer e a aperfeiçoar a sua arte. O seu entusiasmo e dedicação levam-nos a procurar novos limites, oferecendo atuações com uma forte ligação emocional e partilhando a beleza da música com o público. 

Raquel Pedra 
Iniciou a sua licenciatura em Canto Teatral na classe da Professora Fernanda Correia no Conservatório Superior de Música de Gaia, tendo concluído posteriormente a pós-graduação em Ópera e o mestrado em Performance Artística na Escola Superior de Música e Espetáculo com o professor António Salgado. Participou ainda no programa de intercâmbio European Opera Academy, estudando no conservatório Luigi Cherubini, em Florença. 
Apresentou-se como solistas em diversas óperas tais como: "Carmen” de Bizet (Frasquita), "Flauta Mágica” de Mozart (Rainha da Noite), "Júlio César” de Händel (Cleópatra), "1755 seguido de o Tio Mário vai ao cinema” (Milu Ricci), "Brundibár” de Hans Krása (Pardal). 
Apresenta-se frequentemente com a Ópera na Academia e na Cidade sobre a batuta do maestro Ferreira Lobo como membro do coro. 
Participou em diversas masterclasses com Alexandra Calado, Ana Paula Russo, Connie de Jongh e Kelvin Grout, Dana Chifu, Elena Filipova, Enza Ferrari, Pierre Mak, Rudolf Piernay, Snezana Stamenkovic, Susan Waters e Ulrike Sonntag. Atualmente, continua a aprofundar conhecimentos com o barítono Pedro Telles. 

Tiago Amado Gomes
Iniciou os seus estudos musicais em Violoncelo e Canto no Conservatório de Música do Choral Phydellius. Prosseguiu os estudos em canto na Escola Artística de Música do Conservatório Nacional e Escola Superior de Música de Lisboa. Trabalhou com Sílvia Mateus, Benjamin Appl, Jill Feldman, Luís Rodrigues, Paulo Ferreira, Elisabete Matos, Christian Hilz, Susanne Rydén, Lúcia Lemos, Ricardo Panela. Premiado com "Extraordinary Music Talent” pela Austria Barock Akademie, prémio "Melhor Interpretação de Canção Portuguesa” e "Prémio do Público” pela Fundação Rotária Portuguesa. 
Foi Zareski em "Eugene” Onegin, Op. 24 de Tchaikovsky; Conde de Almaviva em "Le Nozze di Figaro”; Don Giovanni em "Don Giovanni” de W.A. Mozart; Ben em "The Telephone” de Gian Carlo Menotti; Marco em "Gianni Schicchi” de Giacomo Puccini; Figaro em "Beaumarchais” do Maestro Pedro Amaral em conjunto com a companhia de teatro Mala Voadora; Mad King em "The Eight Songs for a Mad King" de Sir Peter Maxwell Davies; The Bridegroom em "Labyrinth” de G. C. Menotti; entre outros.  
Em concerto destacam-se: "Ein deutsches Requiem”, Johannes Brahms; "Messe de Requiem”, de Gabriel Fauré; "Magnificat in D-Dur de J.S. Bach”; "Paukenmesse” de Joseph Haydn; "Requiem” de W. A. Mozart; "Carmina Burana” de Carl Orff; "Messiah” de G. F. Händel; entre outros.  
Colaborações com Teatro: "Interpretação” de Tiago Rodrigues, " Karl Valentin Kabarett” de Ricardo Neves-Neves, "Vocês que Vivem” de Anna Leppänen, "Cinderela” de Bruno Bravo. 

Fernando Marina Miguel
Formado no Conservatorio Profesional de Música de Mallorca e na Universidad de las Islas Baleares, estudou direção de orquestra com Antoni Ros Marbà e Salvador Mas. Fez cursos de direção na Hungria (International Bartok Seminar) e na França (Academie International de Pontalier).  
Durante seis anos foi maestro titular do Coro Carmina de Barcelona, coro colaborador da Orquestra Sinfónica de Barcelona e Nacional de Catalunha. Foi também maestro titular da Orquestra de Câmara "Isla de Menorca”, da Oficina de Ópera do Conservatorio del Liceo de Barcelona e da Orquestra de Câmara de Vila-seca.  
Em Berlim, dirigiu a Orquestra de Câmara de Kalsruhe; em Roma (estreia da obra do Padre Martorell Canticum Paschale in Rondó) com a orquestra I Virtuosi di Roma; e em Colômbia (abertura da temporada 2004-5 da Ópera no Teatro Colón de Bogotá). Trabalhou também com a Orquestra Sinfónica de las Islas Baleares, a Orquestra Sinfónica de Vallés, a Orquestra Pablo Sarasate de Pamplona, Orquestra Sinfónica del Empordà-Languedoc, Orquestra Nacional de Câmara de Andorra (ONCA).  
Em 2011 fundou o coro e orquestra Academia 1830, com sede em Maiorca, com quem desenvolveu intensas atividades de concerto em Maiorca: tornaram-se numa das formações musicais de referência no panorama das Ilhas Baleares. Desde 2019 é o maestro titular da Orquestra Sinfónica da Cidade de Ibiza.  
Foi professor no Conservatório Superior de Música do Liceo de Barcelona e no Conservatório Superior de Música das Ilhas Baleares. Atualmente é professor de orquestra no Conservatório Profissional de Maiorca. 

Bilhetes à venda na Ticketline (online e postos de venda) e nas bilheteiras dos Teatros Municipais (AMG e CTEB).
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