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Compreendi

Serenado o país e colocado na senda do progresso mundial segundo o entendimento europeu oitocentista, com a extinção do Termo do Porto pelas cortes de 1821, Vila Nova de Gaia readquire a sua plena autonomia municipal em 1834, passando desde então a gerir diretamente o seu desenvolvimento. Neste grande entreposto comercial instalam-se grandes indústrias de cerâmica, tanoaria, têxteis, serralharia e construção de veículos, continuando as tradicionais atividades de construção naval e moagem, aumentando a exportação de vinhos, azeite, cortiça, gado e produtos hortícolas para o Brasil e os países do Norte da Europa.

Nesse mundo de burgueses e operários aparecem os clubes - a Loja Maçónica União Portucalense em 1842; a Assembleia da Granja em 1869; o Clube Musical de Vila Nova de Gaia em 1877, e também as secções locais de partidos políticos, sindicatos, cooperativas, associações de socorros mútuos, recreativas e de assistência, e finalmente, os clubes desportivos.

Ao século dezanove gaiense vão ficar ligados escritores como Almeida Garrett, Camilo Castelo Branco e Eça de Queirós; pintores e escultores como Francisco Pinto da Costa, Soares dos Reis e Teixeira Lopes; pedagogos como o Abade de Arcozelo e Diogo Cassels; músicos como Arthur Napoleão; cientistas como Adriano de Paiva, o inventor da televisão; pioneiros da fotografia como William Flower e Josephe James Forrester, aerostateiros como António da Costa Bernardes, e muitos outros nomes.

Não é possível falar da segunda metade do século XIX em Portugal sem falar da praia da Granja e de todos os que por lá passaram, pois só assim se compreenderão os tempos do final da Monarquia e os da implantação da República e a sua conexão com o desenvolvimento local do ensino e da fundação de escolas de todos os graus de ensino, bem assim como a fundação de estabelecimentos particulares de curiosidades, como o Museu Azuaga e o numismático de Martins Ferro que viriam a originar, já no século XX, o Museu Municipal Azuaga, a Biblioteca Pública Municipal, a Casa Museu Teixeira Lopes e as Galerias Diogo de Macedo, a que se viriam juntar, em anos mais recentes, o Solar Condes de Resende, os Auditórios Municipais e o Arquivo Municipal, para além da existência de núcleos museológicos de algumas empresas de Vinho do Porto e outras.

O século dezanove é também o século da mudança do paradigma dos transportes, com a melhoria do traçado da antiga estrada real entre Coimbra e Vila Nova de Gaia para a Mala Posta no início da segunda metade do século e a chegada do comboio às Devesas em 1864, a inauguração da Ponte ferroviária D. Maria Pia em 1877 e da Ponte Luiz I em 1886, bem assim como a contínua renovação das vias rodoviárias regionais e municipais que possibilitaram o aumento da chegada de matérias-primas e de produtos para exportação a partir de outras localidades e o escoamento dos produtos aqui fabricados, mas também uma maior movimentação das populações aos seus locais de trabalho, de residência e de lazer e, já no século vinte, às praias do litoral.

Entretanto o Rio Douro, não obstante a construção do Porto Artificial de Leixões no final do século XIX, continuou vivo e pujante até depois da Segunda Grande Guerra e hoje volta a ser sulcado pelos grandes e pequenos barcos de turismo.